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VACINA PARA A DOENÇA PNEUMOCÓCICA PROPORCIONA PROTEÇÃO INDIRETA A BEBÉS NÃO VACINADOS

Foto do escritor: Wanderleia Iris NoaWanderleia Iris Noa

Estudo prospetivo em Moçambique destaca o impacto da imunização infantil na redução da incidência da doença e mortalidade pneumocócicas em recém-nascidos não vacinados.


A vacina anti-pneumocócica conjugada 10-valente (PCV10) oferece proteção indireta às crianças demasiado pequenas para serem vacinadas, de acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), um centro apoiado pela Fundação “la Caixa”, em colaboração com o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM), Moçambique. Os resultados, publicados no The Pediatric Infectious Disease Journal, foram obtidos a partir dos sistemas de vigilância de pneumonia e demográfica levados a cabo pelo CISM no Hospital Distrital da Manhiça (HDM), no sul de Moçambique.


O pneumococo (Streptococcus pneumoniae) é uma das principais causas de meningite, sépsis e pneumonia em crianças, especialmente em países de baixa e média renda. Desde o ano 2000, a vacina contra o pneumococo passou a ser introduzida nos programas globais de imunização e, a partir de abril de 2013, Moçambique introduziu a PCV10, que oferece protecção contra dez serótipos pneumocócicos. Isto resultou na redução dos casos de doença pneumocócica invasiva e de pneumonia grave em crianças menores de cinco anos. No entanto, os efeitos da vacina em bebês com menos de 10 semanas de idade – que ainda não têm idade suficiente para serem vacinadas – não haviam sido apenas estudados até então.

“Estudamos o peso da doença pneumocócica invasiva e da pneumonia clínica grave em crianças pequenas no sul de Moçambique antes e depois da introdução da vacina PCV10”, explicou Sérgio Massora, primeiro autor do estudo e investigador do CISM. “Para isso, incluímos no estudo todos os bebés com menos de dez semanas de idade que foram diagnosticados com uma destas doenças no HDM entre 2003 e 2018”, acrescentou.

O diagnóstico da doença pneumocócica invasiva é feito pela identificação do pneumococo no sangue ou no líquido cefalorraquidiano, através da cultura ou testes moleculares (PCR); e a pneumonia clínica grave é diagnosticada clinicamente, com base em sinais como dificuldade respiratória, entre outros.


Os benefícios não se limitam às pessoas vacinadas

Cinco anos após a introdução da PCV10 no Programa Alargado de Vacinação de Moçambique (PAV), a equipa de investigadores observou uma redução de 87% nos casos de doença pneumocócica invasiva e 62% na incidência de pneumonia clínica grave em crianças pequenas não vacinadas. Além disso, verificou-se uma diminuição da mortalidade associada a essas infecções. No caso da doença pneumocócica invasiva, a taxa de mortalidade caiu de 47 para 0 mortes por 100.000 crianças pequenas em risco.


Esses resultados indicam que mesmo os bebés abaixo da idade mínima para a vacinação podem beneficiar da imunidade de grupo (efeito de rebanho). “Os nossos dados sugerem que a vacinação infantil não só protege as crianças vacinadas, como também os recém-nascidos nas primeiras semanas de vida, ao reduzir a circulação da bactéria na comunidade”, explica Azucena Bardají, médica e investigadora sénior da ISGlobal e autora principal do estudo.


Um desafio permanente

É de salientar que outros factores, como o declínio das infecções infantis pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) e a melhoria das condições socio-económica do país, podem ter contribuído para a redução da incidência da pneumonia.

Os investigadores destacam a importância de continuar a avaliar o impacto a longo prazo da vacina: “É imperativo garantir que os programas de vacinação com PCV continuem a desempenhar um papel crucial na prevenção de mortes evitáveis entre crianças em países de baixos recursos”, conclui Bardají. 


Referências


Massora S, Mucavele H, Carvalho MDG, Mandomando I, Chaúque A, Moiane B, Tembe N, Omer SB, Bassat Q, Verani JR, Menéndez C, Quintó L, Sigaúque B, Bardají A. Effect of the Ten-valent Pneumococcal Conjugate Vaccine on Invasive Pneumococcal Disease and Pneumonia in Infants Younger Than Ten Weeks of Age in Southern Mozambique: Um Estudo de Vigilância Prospetiva de Base Populacional. Pediatr Infect Dis J. 2025 Feb 1;44(2S):S75-S79. doi: 10.1097/INF.0000000000004638. Epub 2025 Feb 14. PMID: 39951078.

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