O Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM), irá implementar a partir do mês de Setembro do corrente ano, um estudo denominado INDIE (The relative contribution of symptomatic malaria cases and asymptomatic infections to onward malaria transmission), cujo principal propósito é determinar a contribuição relativa das infecções sintomáticas e assintomáticasda malária em um ambiente de transmissão moderada da malária, na Manhiça. Especificamente, o estudo pretende determinar a proporção de mosquitos que são infectados após alimentação com sangue de casos clínicos de malária e determinar a proporção de assintomáticos infectados por Plasmodium falciparum (agente transmissor da malária) detectados por microscopia e pelo teste molecular qPCR (Sigla inglesa que significa: Real-time polymerase chain reaction).
Basicamente, segundo esclarece Mara Máquina, entomologista júnior do CISM, e parte da equipa, “neste estudo, procura-se entender o contributo dos indivíduos assintomáticos na transmissão da malária no distrito de Manhiça, isto porque, já está comprovado que uma pessoa com malária assintomática contribui significativamente na transmissão da malária, causada através da picada do mosquito Anopheles (que é o agente transmissor)”.
O estudo liderado pelo Dr. Pedro Aide, investigador sénior do CISM, é financiado pela London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), e será implementado em duas fases. Na primeira, serão recrutados participantes com sintomas de malária, com TDR (Testes de Diagnóstico Rápidos) e microscopia positiva na consulta externa no Hospital Distrital da Manhiça e postos de saúde periféricos. Na segunda fase, pretende-se recrutar participantes com sintomas e positivos a malária (TDR e microscopia), participantes sem sintomas positivos a malária por microscopia e participantes sem sintomas positivos a malária por PCR, os dois últimos grupos na comunidade (Ilha Josina).
Máquina, esclarece que “serão colhidas amostras de sangue venoso para as análises laboratoriais e ensaios de infecção de mosquitos e posterior deteção e contagem de oócitos nos mosquitos. Mas também, serão preservadas amostras de sangue para posteriores testes imunológicos que serão realizados na LSHTM e no ISGlobal”.
A área da Manhiça, onde será implementado, está localizada a 80 Km da Cidade de Maputo, e conta com uma população estimada em 188.405 habitantes, e em pesquisas transversais realizadas entre 2010 e 2017 mostram que a malária está a reduzir no distrito.
Segundo o protocolo deste estudo, “a maior parte de indivíduos com malária em zonas endémicas não apresenta sintomas que estimulam a busca de tratamento, e estes, podem reter as suas infecções por muitos meses, durante o qual os parasitas do estágio sexual (gametócitos) são produzidos e são transmitidos aos mosquitos vectores”. Assim sendo, espera-se compreender a importância relativa das infecções assintomáticas para o reservatório humano e a sua detectabilidade por testes de diagnóstico médico no momento e local de atendimento ao paciente. Esta compreensão é de relevância imediata para programas de controlo da malária que podem considerar intervenções viradas ao reservatório assintomático do parasita.
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