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Nercio Machele

“PASSAM ANOS E OS MOSQUITOS CONTINUAM LETAIS”


Os mosquitos, são a principal causa de várias doenças e milhares de mortes a cada ano, com destaque para a malária.

No âmbito das celebrações do Dia Mundial do Mosquito (20 de Agosto), decorreu a 19 de Agosto, um webinar organizado pelo Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM) e o Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM), cujo principal objectivo era compreender o papel dos mosquitos na transmissão da malária. Esta data, foi estabelecida em 1897, ano em que o médico britânico Ronald Ross, descobriu que os mosquitos Anopheles são os responsáveis ​​pela transmissão do parasita da malária aos humanos, uma descoberta que revolucionou os estudos da malária respeito a sua prevenção e tratamento.


Segundo Mara Máquina, pesquisadora e responsável do laboratório de Entomologia no CISM, “apesar dos avanços na medicina nos últimos anos, o mosquito, continua causando várias doenças e milhares de mortes a cada ano, com destaque para a malária que segundo a Organização Mundial da Saúde, só em 2020 estimou-se 627 000 mortes vítimas da doença em todo mundo. Para além da malária, os mosquitos podem transmitir outras doenças, nomeadamente a chikungunya, zika, dengue, febre amarela e febre do Vale do Rift. Contudo, muitas delas são evitáveis através de medidas de prevenção.”


Ainda segundo a fonte, “existem vários géneros de mosquitos no mundo, dos principais destacam-se o Aedes, transmissor da dengue, febre amarela, zika e chikungunha; o Culex, vector da filariose linfática e o mosquito Anopheles que é o transmissor da malária”. Entretanto, a fonte alerta também, que no mundo existem cerca de 465 espécies do vilão da malária (Anopheles), dos quais 154 encontram-se no continente africano e 6 desses são responsáveis por 95% das transmissões da doença, os quais foram descritos como os principais vectores (An. gambiae, An. coluzzii, An. arabiensis, An. funestus, An. moucheti e An. nili), dos quais, An. arabiensis e An. funestus são as espécies mais predominantes em Moçambique.


Entretanto, de acordo com a responsável da área de Entomologia no Programa Nacional de Controlo da Malária, Dulcisaria Marrenjo, é importante destacar que “questões ambientais favorecem a proliferação da população de mosquitos, principalmente os transmissores da malária, que habitam mais em águas paradas, lagoas, grandes plantações, como é o caso das açucareiras, etc. Daí que dado a esses factores ambientais, é mais comum termos maior população de mosquitos e consequentemente um número elevado de casos de malária nas zonas rurais ou suburbanas, do que nas cidades, onde a população de mosquitos é reduzida e que na sua maioria não transmitem a malária, portanto, não são anopheles, mas outros de géneros”.


O Webinar, decorreu a decorreu a 19 de Agosto e contou com a participação de oradores do CISM, PNCM, INS e Abt Associates

O País já vem desenvolvendo acções de controlo vectorial e o estabelecimento do PNCM em 1990 permitiu o aumento de mais estudos nesta área, porém, “apesar da experiência que o país possui, é necessário que se reforcem acções de controlo de vectores, visando a redução ou eliminação de agentes transmissores de patógenos (vectores da malária, dengue, filaríase linfática e outras doenças infeciosas transmitidas por vectores). Principalmente porque actualmente, registam-se resistências comportamentais e fisiológicas dos mosquitos anos depois de introduzir qualquer tipo de intervenção, quando essas intervenções (redes tratadas com insecticidas e Pulverização intra-domiciliar), dependem dos insecticidas que há poucas opções disponíveis para a saúde pública e são apenas eficazes para uma fracção de espécies de vectores adultos endofílicos/endophagic.” Defendeu Ana Paula Abílio, pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde.


Ainda de acordo com a pesquisadora do INS, “uma das possíveis saídas aos desafios de controlo vectorial, mais concretamente do mosquito anopheles, é diversificar as ferramentas de amostragem de mosquitos, melhorar as habilidades de identificação das espécies e as capacidades de diagnóstico laboratorial, bem como, introduzir tecnologias mais avançadas para rastrear patógenos em mosquitos, mas também, deve-se implementar um Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ) e Avaliação Externa da Qualidade (AEQ) na Rede de Laboratórios de Entomologia Médica do país, o que poderá permitir, padronizar procedimentos para garantir a comparabilidade dos resultados e, a qualidade dos resultados para tomada de decisão assertivas” concluiu.

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