
A reunião anual realizada na última sexta-feira, 28 de Fevereiro, na Cidade de Inhambane, marca o fim dos quatro (4) anos de implementação do Projecto MULTIPLY. Este encontro reuniu instituições parceiras, incluindo representantes do Ministério da Saúde aos níveis central, provincial e distrital, além de outros colaboradores parceiros que apoiam os programas de prevenção da malária na província de Inhambane.
MULTIPLY é um projecto de cooperação internacional que envolve instituições públicas e privadas de países africanos e europeus, com o objectivo de maximizar a administração da Quimioprevenção Perenal da Malária (QPM) para o controlo da malária em crianças menores de 2 anos. Em Moçambique, o projecto também tinha como objectivo pilotar a implementação programática da QPM no contexto de pesquisa no distrito de Massinga, Província de Inhambane.
Em 2022, Moçambique adotou a QPM como estratégia nacional para combater a malária em crianças menores de 2 anos. Actualmente, a QPM está a ser implementada pelo Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM) no distrito de Massinga província de Inhambane, e em todos os distritos da Província de Sofala, com apoio da Population Services International (PSI) através do projecto PLUS. O Ministério da Saúde (MISAU) planeia expandir essa estratégia para outras províncias incluindo Inhambane, conforme a disponibilidade de fundos.

O Director Provincial de Saúde de Inhambane, Carlos Cossa, reconheceu a colaboração de cada parceiro para na obtenção dos resultados positivos do projecto, destacando a importância do envolvimento comunitário na mobilização das famílias para aderirem ao projecto.
“Temos que consolidar essa relação forte que criamos com a nossa população”.
Temos tido muitos casos da malária na Província, principalmente em mulheres grávidas e crianças. Ao encontrarmos uma arma de prevenção ou combate a esta doença temos que valorizar e fortificar essa ferramenta. Hoje, teremos a oportunidade de discutir os resultados do trabalho realizado pelo CISM, pelo MISAU - através do Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM) - e pelos parceiros na investigação que decorreu em um distrito, mas com impacto nacional”, disse o Director Provincial de Saúde.

O Director Geral do CISM, e Investigador Principal do Estudo, Francisco Saúte, destacou que, “ao iniciar o projecto, esta intervenção não era amplamente conhecida em Moçambique. Após quatro anos de implementação, o projecto não apenas trouxe lições para o país, mas também permitiu compartilhar a experiência moçambicana com o mundo, inspirando nações que ainda não adoptaram o QPM e contribuindo para o conhecimento global sobre a aplicação dessa ferramenta”. Saúte expressou agradecimento pela excelente colaboração recebida durante a implementação do projecto no distrito da Massinga, ressaltando o acompanhamento dos principais intervenientes em todas fases – desde a planificação até a conclusão – apesar dos desafios inerentes a qualquer actividade de campo, como condições climáticas, greves dos trabalhadores de saúde e a situação actual do país.

Por sua vez, Maria Pondja, em representação do PNCM, expressou a sua gratidão pela implementação do projecto, destacando o papel fundamental do CISM como um dos principais parceiros do Programa, dedicado à investigação para apoiar o PNCM na tomada de decisão com base em evidências.
“Aprendemos e colhemos experiência dessa estratégia que foi implementada em Sofala e Inhambane. Felicitamos o distrito pelo empenho demonstrado durante a nossa supervisão e encorajamos a continuidade do compromisso, dedicação e esforço, pois, ainda tempos insumos e o PNCM vai envidar esforços para que esta actividade possa continuar”, acrescentou.
Durante o encontro, destacou-se ainda como ganho a eficácia do trabalho de uma equipa integrada e a melhoria da comunicação entre o Programa Alargado de Vacinação (PAV) e o PNCM. Os participantes concordaram em dar continuidade aos esforços do CISM, aproveitando o conhecimento deixado por esta organização internacionalmente reconhecida na área de investigação em saúde.

A directora do Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social (SDSMAS) de Massinga agradeceu ao CISM e ao PNCM por terem escolhido Massinga como distrito piloto para a implementação da QPM. Ela reconheceu os desafios enfrentados durante a implementação desta estratégia, mas destacou os benefícios significativos alcançados: “Casos de malária na faixa etária abrangida, baixou drasticamente, embora esta redução não possa ser atribuida de forma exlusiva a QPM, mas de forma complementar com as outras estratégias em curso no ditritos”. Ao finalizar, manifestou preocupação com a ausência de um plano claro para continuidade da implementação da QPM após o período de transição acordado com o CISM, alertando que a interrupção dessa estratégia poderia ser prejudicial tanto para o Sistema Nacional de Saúde quanto para a população beneficiária, considerando os ganhos obtidos no distrito.

Durante o discurso de encerramento, o Chefe do Departamento de Saúde Pública do Serviço Provincial de Saúde (SPS), em substituição do Director do SPS, ressaltou que “Massinga servirá como referência para a expansão da estratégia na província. Vimos que este estudo permitiu a transição do registo de CCS para o livro do PAV. Mas ficou a lição que em futuros projectos semelhantes, é necessário criar instrumentos próprios de registo que ajudem a fortalecer a qualidade de dados. Outro ganho foi a maior atenção das mães ou acompanhantes das crianças à administração dos medicamentos, ao perceberem sobre a sua eficácia na prevenção da malária, o que incentivou os implementadores a ampliar a administração da QPM sempre que possível”.

Comments