De acordo um artigo publicado recentemente na revista científica Communications Biology, sob liderança (primeiro autor) do investigador do Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM), Clemente da Silva, os actuais medicamentos usados para tratar e prevenir a malária em Moçambique continuam sendo eficazes. O artigo, resultou de um estudo sobre a resistência dos antimaláricos no país, onde foi feita uma análise e categorização genômica dos marcadores de resistência do Plasmodium falciparum, aos medicamentos (Artemisinina, e Fansidar/Sulfadoxina Pirimetamina - SP, Cloroquina, Piperaquina).
O estudo, foi liderado pelo pesquisador do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) e do CISM, Alfredo Mayor, no qual, a sua equipa, analisou e sequenciou 2.251 amostras de sangue infectadas por P. falciparum coletadas entre 2015 e 2018 na região sul, centro e norte de Moçambique.
As descobertas do artigo, têm implicações para a saúde pública em Moçambique
“As descobertas deste artigo, têm várias implicações para a saúde pública em Moçambique. Primeiro, que implicações para a saúde pública em Moçambique. Primeiro, que derivados de artemisinina permanecem eficazes no tratamento da malária não complicada por P. falciparum. Em segundo lugar, piperaquina pode ser usado em terapias combinadas com artemisinina (ACT). Em terceiro lugar, apesar da alta frequência de mutações dos genes pfdhfr/dhps do P. falciparum, não há evidência de eficácia reduzida quimiopreventiva do SP”, comenta Clemente da Silva. Ainda de acordo com da Silva, os dados deste artigo, fornecem premissas para estudar a evolução dos parasitas P. falciparum em resposta às mudanças nas directrizes nacionais de tratamento da malária.
Este estudo, demonstrou também que, a transmissão da malária em Moçambique é muito heterogénea
Por outro lado, Alfredo Mayor acrescenta que “em Moçambique, vários estudos relataram a resistência dos antimaláricos aos medicamentos, mas pouco se sabia sobre sua distribuição geográfica, e este estudo, demonstrou também que, a transmissão da malária em Moçambique é muito heterogénea, com um elevado peso no norte e uma transmissão muito baixa no sul”, pois, de acordo com os dados do estudo, a equipa encontrou uma diferenciação regional do parasita, que pode ser devido a vários factores, incluindo distância geográfica e diferenças no uso e cobertura de intervenções antimaláricas.
Os estudos sobre a monitoria da presença e expansão dos marcadores de resistência a medicamentos é crucial para informar aos programas de controlo da malária de forma a garantir que os medicamentos usados permaneçam eficazes, pelo que este estudo destaca a necessidade de integrar sistemas de vigilância molecular com estudos de eficácia de medicamentos para rastrear o surgimento e disseminação de parasitas resistentes a medicamentos.
Referência:
Clemente da Silva, Simone Boene, Debayan Datta et al. Targeted and whole-genome sequencing reveal a north-south divide in P. falciparum drug resistance markers and genetic structure in Mozambique. Commun. Biol. 2023.
Gostaria de saber se a nível do nosso país, Moçambique, já houve pesquisadores/ estudantes das diversas universidades, que vieram apresentar alguns resultados dos estudos feitos? Qual é o tratamento caso se descubra uma planta antimalárica usada com eficácia para curar em algumas regiões do país.