Após a recomendação pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para introdução da vacinação contra Rotavírus nos países com maior peso de doença, 38 dos 47 países na região africana da OMS introduziram a vacinação nos seus programas de imunização. Inicialmente duas vacinas foram recomendadas (Rotarix, da GlaxoSmithKline, com sede em Reino Unido e Rotateq da Merck, USA) pela OMS, mas recentemente a OMS pré-qualificou mais duas vacinas produzidas na Índia (Rotavac e RotasIIL) e observou-se que alguns países mudaram as formulações da vacina em uso nos seus programas de imunização.
Um estudo publicado recentemente por investigadores do CISM e do Escritório Regional para África da OMS, com o objectivo de avaliar as vacinas actualmente em uso nos programas de imunização e identificar os factores que levaram a mudanças nas formulações das vacinas em uso nos diferentes países mostrou que dos 38 países da região africana da OMS que introduziram pela primeira vez a vacinação contra Rotavírus, 35 (92%) adoptaram a Rotateq ou Rotarix, enquanto os restantes 3 (Benin, República Democrática do Congo e Nigéria) iniciaram a vacinação já com as formulações de origem indiana.
Este estudo que se baseou em entrevistas aos responsáveis e gestores de programas de imunização dos diferentes países e na revisão da literatura, revelou que a decisão de introduzir ou mudar para as vacinas de origem indiana foi predominantemente influenciada pelos desafios logísticos com o fornecimento da Rotateq e Rotarix, como a manutenção da cadeia de frio bem como a baixa de oferta das mesmas. Adicionalmente, a retirada da Rotateq do mercado africano e a necessidade de reduzir os custos, em particular nos países que deixaram (ou que vão deixar em breve) de beneficiar do apoio financeiro do GAVI (Aliança Global para Vacinação e Imunização) para aquisição de vacinas devido ao seu crescimento económico, foram outros factores apontados para a tomada de decisão.
Há necessidade de num futuro breve as vacinas serem produzidas localmente
Para Inácio Mandomando, investigador que liderou o estudo “as novas vacinas oferecem alternativas custo-efectivas para suprir a demanda e criaram uma oportunidade de reduzir os problemas com o fornecimento de vacinas no continente Africano, porém os desafios ora descritos enfatizam a necessidade de num futuro breve as vacinas serem produzidas localmente para suprir a demanda, especialmente de países com altas taxas de natalidade”.
Referência:
Mandomando, I., Messa, A., Jr, Biey, J. N., Paluku, G., Mumba, M., & Mwenda, J. M. (2023). Lessons Learned and Future Perspectives for Rotavirus Vaccines Switch in the World Health Organization, Regional Office for Africa. Vaccines, 11(4), 788. https://doi.org/10.3390/vaccines11040788