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INVESTIGADORES PROPÕEM ESTRUTURA TRANSFORMADORA PARA PARCERIAS GLOBAIS EM SAÚDE

Atualizado: há 4 dias



Novo artigo na BMJ Global Health descreve princípios práticos para superar desigualdades estruturais em colaborações de investigação


Um grupo de investigadores do ISGlobal (Espanha), do Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (Moçambique), da Universidade de Adis Abeba (Etiópia) e do Institut de Recherche en Sciences de la Santé (Burkina Faso) publicou uma análise na revista BMJ Global Health, na qual propõe um novo enquadramento para transformar as parcerias globais de investigação na área de saúde. O artigo aborda as assimetrias estruturais que continuam afectam essas colaborações e apresenta princípios práticos com o objectivo de promover parcerias mais equitativas, eficazes e mutuamente benéficas.


Os autores argumentam que, embora as parcerias de investigação sejam um ponto de entrada fundamental para enfrentar desigualdades globais em saúde, muitas vezes elas são marcadas por desequilíbrios de poder que comprometem a independência e a liberdade académica de alguns parceiros. Como resposta, o artigo propõe uma abordagem transformadora baseada na influência recíproca, nos objectivos comuns e em processos colaborativos verdadeiramente partilhados.


“A ciência altamente competitiva e acelerada muitas vezes prioriza os resultados em detrimento das relações”, afirma Alfredo Mayor, investigador do ISGlobal e do CISM, e autor principal do artigo.


“Mas, se queremos realmente abordar as desigualdades globais em saúde, precisamos repensar a forma como colaboramos. Isto implica construir parcerias baseadas em objectivos partilhados, responsabilidades mútuas e na autonomia de todos os parceiros para exercerem liderança”, disse Mayor.

Segundo os autores, as parcerias transformadoras diferem-se das transacionais por promoverem a co-definição de metas e consenso sobre os meios para as alcançar. Esta mudança de paradigma envolve:

  • Posicionamento: Incentivar os investigadores a refletirem criticamente sobre os seus próprios pressupostos e privilégios, reconhecendo como as dinâmicas de poder moldam as parcerias. Esse reconhecimento é essencial para criar ambientes de trabalho mais justos e inclusivos.

  • União: Construir solidariedade e confiança através da valorização valorizando as diferenças e incentivando a compreensão mútua que vai para além das diferenças individuais e institucionais. As diferenças devem ser vistas como uma força, não como um obstáculo.

  • Intencionalidade coletiva: Estabelecer com clareza quem faz o quê, como e quando, sempre com a equidade como prioridade. Em vez de compromissos vagos, são necessárias estratégias concretas que permitam monitorizar o progresso, ajustar rumos e transformar ideias em acções.

  • Responsabilidade partilhada: Estabelecer sistemas transparentes de avaliação contínua, para monitorizar o progresso, aprendizagem com os desafios e garantir a justiça. Só através da responsabilização recíproca, defendem os autores, as parcerias podem atingir o seu potencial a longo prazo.


Além disso, os autores sublinham a importância de atitudes complementares, como a disposição de certos parceiros para ceder poder e de outros em assumir uma maior liderança - desde que apoiados por estruturas de governação equitativas. Estas transformações, defendem, são essenciais para mobilizar o potencial colectivo, a ambição e a acção que a saúde global exige.


“As diferenças de capacidade ou de contexto não devem ser encaradas como barreiras”, reflete Tacilta Nhampossa, coautora e investigadora do CISM. “São oportunidades para aprendermos em conjunto e cocriar soluções relevantes e duradouras.”

O artigo também lança um apelo mais amplo aos sistemas que regulam a investigação. Financiadores, revistas e instituições são encorajadas a adotar políticas mais equitativas - como a disponibilização de financiamento directo a parceiros com menos recursos, o reconhecimento de diversas formas de liderança e a valorização do processo colaborativo tanto quanto dos resultados.


Em conclusão, os autores afirmam que, quando aplicados de forma consistente, estes princípios oferecem uma base sólida para parcerias genuinamente transformadoras, permitindo que a investigação em saúde global cumpra plenamente o seu papel social.


Referência:

Alfredo Mayor, Lemu Golassa, Hamtandi Magloire Natama, Alberto L Garcia-Basteiro, Tacilta Nhampossa - Transforming partnerships through transboundary research: BMJ Global Health 2025;10:e017602.  https://doi.org/10.1136/bmjgh-2024-017602 

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