
O Estreptococo do Grupo B (EGB), também conhecido como Streptococcus agalactiae, é uma das principais causas de morbidade e mortalidade neonatal a nível mundial. Estima-se que anualmente ocorram cerca de 231.800 casos de doença invasiva por EGB (iEGB) em sua forma precoce e 162.200 casos em sua forma tardia em bebés, resultando em 91.000 mortes globalmente, sendo a África Subsaariana a região mais afectada, com cerca de 50.600 óbitos, representando mais de 50% das mortes mundiais.
Dado o impacto significativo da doença, especialmente em países com poucos recursos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou o EGB como um patógeno de alta prioridade. Embora o continente Africano tenha a maior incidência de EGB no mundo, os dados de vigilância sobre as taxas de colonização, os padrões de suscetibilidade antimicrobiana e o impacto da doença são limitados, dificultando a implementação de estratégias eficazes de prevenção e controlo.
Neste contexto, duas vacinas destinadas a proteger mulheres grávidas, seus fetos incluindo os recém-nascidos contra infecções por EGB estão a entrar na fase final de desenvolvimento.
Para que estas vacinas sejam aprovadas, é essencial que demostrem eficácia sem causar reações Adversas significativas. Além disso, para a sua implementação em países com recursos limitados, é fundamental fortalecer os sistemas de saúde, garantindo uma melhor monitorização da segurança das vacinas, uma vigilância eficaz da infecção por EGB e aumento da confiança da população na imunização. É neste contexto, que surge o Projecto PROTECT.
Quatro países africanos fazem parte deste projecto nomeadamente Quénia, Moçambique, Malawi e Uganda. A implementação deste estudo irá abranger diferentes públicos-alvo incluindo mulheres grávidas, crianças menores de 90 dias, diferentes stakeholders como como membros das comunidades, profissionais de saúde, líderes e tomadores de decisões ao nível do Ministérios de Saúde.
Em Moçambique, o estudo será implementado pelo Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM) em dois locais; Hospital Geral de Mavalene e Hospital Distrital da Manhiça, por um período de 3 anos, e conta com Dr. Sérgio Massora como o Investigador Principal. Nesta iniciativa, o CISM também tem a responsabilidade da liderança do Pacote de Trabalho sobre a vigilância de EGB no consórcio, para além de participar em todos outros pacotes de trabalho.
Espera-se, portanto, com o estudo (i) gerar capacidades para conduzir ensaios de vacinas maternas de GBS, e contribuir para licenciamento da vacina de GBS previsto para 2030; (ii) reforçar o diálogo com as partes interessadas para garantir a acessibilidade da vacina em países com baixos recursos como Moçambique; (iii) aumentar a confiança sobre as vacinas maternas para a população moçambicana, levando a uma maior aceitação para participação em ensaios cínicos de vacinas maternas, resultando em melhorias no sistema de saúde, através da redução da mortalidade infantil; (iv) aumentar a capacidade para investigar e testar vacinas para doenças diferentes de GBS; e outras doenças preveníveis por meio da vacinação materna; (v) promover cientistas africanos para que se tornem líderes na produção de conhecimento relacionado às doenças e vacinas que afectam suas populações e globalmente.
Para garantir a concretização dos objectivos do estudo já se estão a realizar reuniões com diversos stakeholders para informá-los sobre o início e actividades do projecto.

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