Visando desenvolver as capacidades genómicas (estudo do genoma) da malária, a fim de aumentar a inteligência acionável para a tomada de decisões programáticas sobre a combinação ideal de medidas de controlo e eliminação em Moçambique, o projecto de Vigilância Genómica da Malária (GENMOZ) iniciou em Abril do ano em curso, a sua segunda fase de implementação, abrangendo todas as províncias do país.
Esta vigilância propõe uma abordagem participativa que envolve todas as partes do sistema de saúde para promover uma cultura de utilização de dados genéticos e aumentar o impacto na saúde pública, ao mesmo tempo que aproveita as actividades em curso e a capacidade existente em Moçambique. Para tal, o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM), uma instituição com uma vasta experiência na investigação da malária e um papel fundamental na contribuição para o desenvolvimento da política geral de saúde, em parceria com o Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM), o Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), a Universidade de Califórnia, São Francisco (UCSF) e o Instituto Nacional de Saúde (INS) reúnem esforços para garantir medidas de controlo e eliminação da malária em Moçambique.
O CISM como a instituição responsável pela gestão e implementação do GenMoz, vai gerar dados, processar, analisar, armazenar e partilhar com os parceiros de implementação, ao mesmo tempo que se ocupará da capacitação de instituições parceiras de Angola.
“Em todo país, o CISM irá colher amostras representativas em unidades sanitárias selecionadas aleatoriamente usando uma metodologia harmonizada. Espera-se, portanto, a continuação da vigilância genómica, a transferência da tecnologia para a instituição de pesquisa biomédica estatal (o INS) e a apropriação do uso de evidência genómica para a tomada de decisões programáticas por parte do PNCM”, disse Clemente da Silva, investigador do projecto em Moçambique.
Para Simone Boene, também investigador do GENMOZ, os desafios na primeira etapa da implementação da vigilância genómica partiram desde falta de insumos laboratoriais a nível local, assim como a fraca capacidade dos técnicos e investigadores do CISM em matéria de sequenciação e análise de dados genómicos. Porém, ainda segundo a fonte, “houveram ganhos significativos, desde a instalação da capacidade genómica no CISM, a formação dos técnicos e investigadores, a integração dos dados genómicos na plataforma SIIM (Sistema Integrado de Indicadores da Malária) do PNCM e a abertura de oportunidade para os fornecedores de materiais de sequenciação”.
Po sua vez, Kiba Jamila, gestora do projecto, comentou que a grande lição que tiramos é que para implementar um projecto da magnitude do GenMoz e ter sucesso é preciso unir pessoas comprometidas com o trabalho, que se entreguem com paixão na missão do estudo. Para nós, isso foi possível. “Um dos grandes sucessos da primeira fase do projecto foi o grande compromisso e apoio do PNMC, com figuras chaves como o Dr. Baltazar Candrinho, Director do PNCM e a Bernardete Rafael a liderar a identificação das perguntas programáticas de relevância e o uso da informação genética para orientar as actividades de controlo e eliminação da malária no pais”, acrescentou Kiba.
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