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Nercio Machele

FENÓMENO CHUPA SANGUE FOI O PRINCIPAL EMPECILHO QUE A EQUIPE DE MOPEIA ENFRENTOU


“O fenómeno chupa sangue foi a grande dificuldade enfrentada pela nossa equipe” afirmou Victor Macete, responsável do escritório de Mopeia. Segundo ele, “evidentemente que tivemos outras dificuldades aquando da instalação do escritório de Mopeia, no entanto, não abalou-nos tanto como este fenómeno, isto porque a nossa equipe passou por algumas situações constrangedoras”.


Amílcar Nacima, coordenador do estudo BOHEMIA no mesmo site, comenta que em 2017, um grupo de 15 colegas, enquanto regressava das suas actividades de campo no âmbito do projecto PIDOM, que decorriam na localidade de Lua-Lua, no povoado de Simogo (a mais de 100 Km da sede do distrito onde encontra-se o nosso escritório), foi confundido com os “chupa sangue”, e atacado com violência por parte da comunidade.


Dos 15, 13 conseguiram fugir, mais 2 de entre eles foram brutalmente espancados, tendo o colega Agnaldo Emílio António sofrido gravemente no rosto. Evitou-se o pior, graças a intervenção do líder local e da polícia. O envolvimento e apoio recebido por parte das autoridades locais até ao seu mais alto nível, foi essencial para ultrapassarmos esta situação.


Segundo explica Administrador do Distrito de Mopeia Dr. Vidal Samuel Bila, “o fenómeno chupa sangue é na sua essência um boato, porém, dado ao difícil acesso à informação por parte da comunidade, a população acreditava na sua existência, e nós tivemos que fazer um trabalho muito forte de consciencialização com as comunidades e principalmente com os líderes locais, chegando em algumas situações, a ameaçar aos líderes que se ao nível da sua comunidade essas situações evoluíssem, prenderíamos ao líder comunitário”. “Nestas acções de mobilização e consciencialização comunitária foi importante o envolvimento e cometimento do pessoal do CISM”, acrescentou.


Eldo Elobolobo, Gestor de Dados do escritório de Mopeia, explica que ao contrário do que alguns pensam, “este é um fenómeno é muito antigo, há relatos desde a década dos 80, e cada vez que aparece, vem com uma nova característica. Em 2016/17 a descrição era de que os “chupa sangue” andavam trajados de branco, com uma botija que continha um tubo, deslocavam-se às casas e introduziam o tubo na casa para chupar o sangue de qualquer pessoa que lá se encontrasse. Estas descrições coincidiam com a apresentação do pessoal de saúde e dos colaboradores do projecto PIDOM, e quando encontrados depois das 18 horas sofriam agressões, tal como aconteceu com os nossos colegas”.


Este fenómeno suscitou enorme desconfiança no seio da comunidade, levando a acções colectivas como recorda o Secretário do Bairro Eduardo Mondlane, António Djimo “saímos de noite por volta das 18 horas para bater latas com o intuito de afugentar os supostos chupadores de sangue, no entanto, nunca ninguém conseguiu encontrar um se quer”. Ainda segundo ele, “quando percebemos de que tratava-se de um boato, foi necessário começar a trabalhar com a comunidade no sentido de esclarecer que não era verídico”.


Toda esta situação, fez com que algumas actividades a nível do site fossem realizadas com algum receio de sofrer represálias por parte da comunidade, como solução, a equipe local teve que unir-se com as autoridades locais para juntos trabalhar para a mitigação do boato, tendo realizado várias campanhas de sensibilização junto com as comunidades e com a participação das autoridades e lideres locais, porém, essa foi uma tarefa foi difícil pois trata-se de um fenómeno que se estendeu em vários outros distritos e principalmente na zona norte do país e de algumas zonas do país vizinho – Malawi.


De lembrar que o escritório de Mopeia foi criado em 2016 a quando da implementação do estudo COST (Avaliação de Custo de Eficácia das medidas de controlo vectorial da Malaria) e conta actualmente com uma euipe composta por 11 colegas sem contar com os inquiridores que varia de acordo com as necessidades de cada projecto.

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