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Foto do escritorWanderleia Iris Noa

“ESTAMOS A PREPARAR RECOMENDAÇÕES QUE IRÃO APOIAR A KENMARE A BAIXAR OS CASOS DE MALÁRIA EM MOMA E LARDE”

Atualizado: 13 de nov.



Em Nampula, as doenças de origem hídrica, com destaque para a malária, continuam a ser motivo de preocupação. O distrito de Moma com 370 mil habitantes e 11 unidades sanitárias e Larde 107 mil habitantes e 9 unidades sanitárias são objecto de estudo sobre a incidência e prevalência da malária, onde aproximadamente 600 pessoas participaram do estudo denominado COMALAR, realizado pelo Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM), nos meses de junho e Julho do presente ano.


Nestes distritos, maior parte da população vive na base de agricultura, pesca e mineração que se estaca pela presença da Kenmare, empresa de mineração que opera nestes distritos. A empresa está alarmada com os casos de malária que vêm crescendo, mesmo aplicando as medidas de prevenção existentes, tendo se juntado ao CISM para desenvolver um estudo sobre a malária com vista a determinar as causas da predominância da doença em Mama e Larde, e assim, encontrar melhores formas de prevenir a doença.


“A situação da malária nos distritos de Moma e Larde é preocupante. Já trabalhamos com Kenmare no passado, e tinham sido feitas recomendações para prevenção da malária, mas o problema persiste. Nestas circunstâncias, decidiu-se fazer um estudo mais aprofundado e com mais componentes, por este motivo, a recolha de dados foi antecedida por um estudo que englobava duas componentes: a componente de entomológica focada na investigação da ecologia e comportamento do vector da malária e a outra componente focada na avaliação dos factores sócio comportamentais, incluindo conhecimentos, atitudes e práticas de saúde comunitária (e individual) em relação à malária e medidas de controlo relacionadas. É neste sentido que estamos a preparar recomendações que irão apoiar a Kenmare a baixar os casos de malária em Moma e Larde,”, disse Dr. Abel Nhama, Coordenador da componenete epidemiológica do Estudo COMALAR.


Para tal, o CISM buscou detalhes sobre as características dos 600 agregados familiares participantes, que incluiu o tipo de habitação, tipo de latrina, existência de redes mosquiteiras, informações sociodemográficas do chefe de família, assim como o nível de educação. O estudo aleatório abrangeu os seguintes grupos etários: bebés com menos de 6 meses, dos 6 meses a 2 anos, de 2 a 5 anos, de 5 a 15 anos e por fim maiores de 15 anos, de ambos os sexos, na qual apenas um membro em cada agregado foi selecionado e realizado o teste rápido de malária para determinar a existência do Plasmodium falciparum (parasita que causa a malária em humano).


Wilson Simone, investigador júnior do CISM, e um dos coordenadores do estudo, expõe que foram destacados 14 trabalhadores de campo para o estudo nos dois distritos e que os mesmos receberam treinamento em conteúdos relacionados com a epidemiologia da malária. Os inquiridores, supervisores e mobilizadores também foram munidos de ferramentas sobre administração de consentimento informado, preenchimento do questionário eletrónico com recurso ao Tablet, realização de testes rápidos de malária, assim como treinamento em Boas Práticas Clínicas para que todo o procedimento do campo seja eticamente aplicado durante a recolha de dados.


Por sua vez, Nazira Armando, inquiridora, elucida que o trabalho no campo consistia basicamente em contactar o líder comunitário ou secretário bairro e apresentar a equipa. “Posto isto, eles nos concederam um guia que nos acompanhava às casas visadas. Ao chegar ao agregado, após explicarmos sobre o estudo, era feito um sorteiro para selecionar o membro da família que faria o teste rápido, e, dependendo da faixa etária, aplicávamos o consentimento ou assentimento informado e efectuávamos o preenchimento do questionário eletrónico. Quando o resultado dava positivo, entregávamos uma guia de referência para o Hospital, pois, nós não temos autoridade para receitar medicamentos. Todo esse trabalho era feito com sob olho clínico do supervisor de campo. Além disso, antes da nossa ida ao campo os mobilizadores se faziam ao local para sensibilizar e anunciar a nossa passagem nas casas o que eu facilitava muito o nosso trabalho”, explicou Nazira.


Para Mónica Muataco, Responsável pela Saúde Ocupacional do Trabalhador na Kenmare, o projecto do estudo da malária vem apoiar a revisão do actual Programa de Combate a Malária da empresa. “Já tínhamos feito um estudo em 2017, mas verificamos que medidas de controlo já não eram efectivas, pois, o número de casos de malária continuava a crescer nos distritos de Moma e Larde. Desta forma queremos perceber o que poderá estar a falhar e, assim, pudéssemos rever as medidas usadas no nosso programa de controlo do vector da malária. Para isso, contactamos o CISM, a única entidade especializada no tema, para que pudesse nos apoiar a fortalecer as medidas de prevenção que temos e alcançarmos resultados satisfatórios”, comentou Mónica. “Como medidas de prevenção, fazemos a pulverização Intradomiciliar, a distribuição de redes mosquiteiras, o controle das larvas, a distribuição de repelentes para trabalhadores e seus familiares, a fumigação espacial na comunidade, campanhas de sensibilização através de rádios comunitárias e em língua local, sensibilização porta a porta e a nível das escolas e campanhas internas para conscientização dos trabalhadores”, acrescentou.


Em conclusão, o coordenador da componente epidemiologica do Estudo disse que apesar de terem enfrentado alguns desafios relacionados com as vias de acesso, principalmente em épocas chuvosas, assim como com algumas recusas por parte da comunidade devido a relação que alguns membros têm com a empresa Kenmare, a recolha de dados foi realizada em tempo recorde e os resultados estarão tabelados e triangulados em três componentes: a social, entomológica e epidemiológica, destaca.




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