O Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM), colabora com o Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM) e a Malaria Consortium, para a implementação de um projecto que consiste na administração de quatro (4) ciclos mensais de tratamento de malária, nomeadamente a sulfadoxina – piremetamina (SP) e amodiaquina (AQ) em crianças entre 3-59 meses de idade em três (3) distritos da província de Nampula, que irá decorrer de Novembro 2020 a Fevereiro de 2021.
O estudo cuja abordagem técnica é denominada Seasonal Malaria Chemoprevention (SMC), tem como principal objectivo manter as concentrações de medicamentos antimaláricos no sangue durante o período de maior risco de malária que é a época chuvosa. Esta estratégia de administração de medicamentos para prevenir a malária, é usada em áreas onde a transmissão da malária é sazonal, ou seja, onde mais de 60% dos casos anuais de malária são observados durante três (3) ou quatro (4) meses consecutivos, que existe elevado peso de malária em crianças e onde os medicamos a serem administrados (SP & AQ) mantêm a sua eficácia antimalárica.
Para o estudo, foram selecionados os distritos de Mecuburi e Malema onde o SMC será implementado e o distrito Lalaua que servirá de área de controlo (ou seja, não será adoptado este tratamento – SMC). Para tal, foram formados dezasseis técnicos de saúde (enfermeiros) sobre a manipulação e interpretação do Testes de Diagnóstico Rápido (TDR) e sobre a colheita e armazenamento de amostras de sangue em papel de filtro de acordo com os padrões pré estabelecidos.
Segundo explica, Wilson Simone, Investigador Júnior do Centro, “antes da administração massiva de medicamentos, foi realizado um estudo de base cujo propósito era de medir a prevalência de marcadores moleculares associados à SP & AQ em crianças menores de cinco anos de idade com TDR positivo e sintomáticas que deslocaram-se às unidades sanitárias nos distritos selecionados (áreas de intervenção e controlo) ”.
De lembrar que segundo o inquérito demográfico de 2011, Nampula é uma das províncias com maior prevalência de malária no país, chegando aos 42,2% sendo que as crianças menores de 5 anos de idade constituem o grupo mais vulnerável. Ainda de acordo com este inquérito, os distritos de Mecuburi, Malema e Lalaua observaram mais de 1000 casos anuais de malária nos últimos 2 anos.
Por outro lado, outros factores influenciaram para a selecção dos distritos de Malema, Mecuburi e Lalaua. Estes factores tiveram como base a sazonalidade (60% de chuvas concentradas durante os 4 meses), alta mortalidade em crianças menores de 5 anos de idade, o pobre acesso às unidades sanitárias e a baixa procura aos serviços de saúde.
Este projecto é financiado pela Malaria Consortium e conta com o Dr. Candrinho Baltazar, Director do Programa Nacional de Controlo da Malária como principal investigador e como co-investigadores, o Dr. Eusébio Macete, o Dr. Pedro Aide e o Dr. Francisco Saúte.
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