Decorreu em Windhoek, capital da Namíbia, o treinamento em gestão de ciência no âmbito do projecto TESA III (Rede de Excelência da África Austral para ensaios clínico) para profissionais de instituições científicas e gestores de projectos. O curso teve cinco dias de duração, e visava dotar os participantes de ferramentas para a gestão de actividades científicas a nível institucional e interinstitucional no âmbito do projecto TESA.
Organizado pelo Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM), em parceria com a Universidade de Namíbia (UNAM) e o Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), a capacitação teve sessões dinâmicas que permitiram interacção entre os participantes, facilitadores, membros dos painéis e oradores convidados, onde trataram temas ligados a matérias de Liderança, Gestão, Governação, Formação/Reforço de Capacidades, Transmissão de Conhecimentos, Gestão de Programas e Projectos, Gestão Financeira, Investigação e inovação responsável, Boas Práticas Científicas, Integridade Científica, entre outros temas.
No seu discurso de abertura, o Director da Universidade de Namíbia, Jacob Sheehama, após apresentar a história da Universidade da Namíbia (fundada em 1992), destacou o envolvimento da UNAM no Projecto Hidrogénio Verde que ilustra a UNAM como uma instituição futurista e a adopção de várias políticas a nível da universidade para impulsionar a investigação, a ética e a política de bolsas. Sheehama apelou aos participantes para que ao pensarem na implementação da gestão de ciência, refletissem também sobre One-Health em África.
Por sua vez, o Director do Centro de Investigação em Saúde da Manhiça, Francisco Saúte, reconheceu o papel do CISM, ISGlobal e UNAM na pesquisa em saúde global e os desafios que têm enfrentado na gestão da área científica. “A gestão da ciência não se trata apenas de dinheiro para as pesquisas, mas envolve a gestão de pessoas, tempo, espaço, expectativas e emoções”, portanto, “é preciso seguir uma visão, ter o espírito de trabalho em equipa e a arte de ouvir e comunicar”, disse Saúte, lembrado aos participantes da oportunidade de interagir com especialistas seniores e facilitadores que marcaram presença no evento.
O programa de treinamento do Consórcio TESA tem apoiado mestrandos, doutorandos e investigadores juniores que tenham sido formados no consórcio TESAII para continuarem as suas carreiras de investigação no TESA III, com o objectivo de que estes se tornem em futuros líderes da investigação sobre o HIV, a tuberculose e a malária nas suas próprias instituições.
Em representação ao ISGlobal, Nuria Casamitjana, Directora de Educação e Formação, avançou que o treinamento de gestão de ciência faz parte de um conjunto de estratégias para enfrentar os desafios actuais na área da pesquisa científica e que a sua instituição oferece vários cursos gratuitos e um Programa de Bolsa. Além disso, segundo ela, existe um programa específico para o reforço decapacidades de investigação em países de baixa e média renda.
Teresa Machai Macete, Gestora de projecto TESA III e responsável da Unidade de Formação do CISM, apontou vários programas de formação a nível do TESA, pois, o TESA tem formação como parte da investigação com vista a aumentar a capacidade de realização de ensaios clínicos nos países membros da rede. “O CISM como responsável pela componente de desenvolvimento de capacidades disponibiliza bolsas e curso de curta duração, workshops e seminários. Temos também um programa de mentores para acompanhamento de carreiras profissionais e vida estudantil”, disse Teresa, acrescentando que a certificação do Centro de Dados do CISM, que começou com o TESA II, é também um dos focos do consórcio.
Espera-se que ao concluir com êxito o curso, os participantes sejam capazes de compreender a governação científica, a gestão e a liderança das instituições de investigação, utilizando diferentes modelos e ferramentas de gestão, e compreender os vários factores de sucesso e erros comuns para a gestão bem-sucedida de projectos e programas científicos em ambientes complexos e em mudança. Para além disso, os participantes devem ser capazes de contribuir para o planeamento estratégico de suas instituições e programas científicos, bem como de actividades de investigação, no contexto da dinâmica do financiamento e das colaborações globais, e ainda aplicar conceitos de investigação e inovação responsáveis, boas práticas científicas e integridade científica no contexto de instituições, projectos, programas e actividades de investigação.
TESA, é uma iniciativa regional que colabora com 15 instituições, sendo 12 da África Austral e 3 europeias e é apoiada pela Global Health EDCTP3.
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