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Nercio Machele

CISM RECRUTA MULHERES E CRIANÇAS PARA COMPREENDER O VSR


Recrutamento de participantes na Manhiça

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em menores de cinco anos em todo o Mundo. Estima-se que apenas em 2015, foram registados cerca de 33,1 milhões de casos de infeções respiratórias agudas por VSR e 48.000-74.500 mortes em crianças menores de cinco anos. Ainda de acordo com a fonte, o VSR é uma causa globalmente prevalente de infecção do trato respiratório inferior em todas as faixas etárias. Em bebés e crianças pequenas, a primeira infecção pode causar bronquiolite grave que às vezes pode ser fatal, já em crianças mais velhas e adultos sem co-morbidades, infecções repetidas do trato respiratório superior são comuns e variam de infecção subclínica a doença sintomática do trato respiratório superior.


Neste contexto, um estudo implementado em Moçambique pelo CISM em coordenação com o Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), sob financiamento da Fundació La Marató de TV3, ambas instituições espanholas, procura determinar a incidência de infeções respiratórias agudas associadas ao VSR e fatores de risco (incluindo comorbidades como HIV e malária) em mulheres grávidas e crianças menores de 5 anos no distrito da Manhiça.


Sérgio Massora, Investigador Principal no CISM do estudo denominado RESPIRE, explica que o estudo se baseia no pressuposto de que “apesar de reconhecida a letalidade do vírus, principalmente em crianças menores de 6 meses que vivem em países de baixa renda tal como Moçambique, os dados epidemiológicos do vírus neste grupo de países são limitados. Actualmente, está-se na fase de desenvolvimento de vacinas (fase 3), e estudos anteriores, demostraram que é possível haver uma transferência de anti-corpos da mãe para o bebé, daí que incluímos mulheres grávidas nesse estudo, para entender a apresentação clínica do VSR também nesta população”.


“Através do desenvolvimento futuro de vacinas maternas para prevenção de VSR, será possível proteger os bebés nos primeiros meses de vida através da transferência passiva de anticorpos maternos. A geração de evidências no âmbito deste estudo, poderá informar e influenciar a tomada de decisões políticas e o desenvolvimento de estratégias de controlo para lidar com este vírus, se conhecido evidentemente, o seu peso no sistema Nacional de Saúde” acrescentou o investigador.


Ainda de acordo com o investigador, “entre Outubro 2019 e Março do corrente ano, conseguimos recrutar para o estudo 592 mulheres grávidas, o que corresponde a meta que se pretendia alcançar, porém, continua o recrutamento de crianças até Dezembro do ano, e esperamos iniciar com o processamento das amostras deste estudo brevemente”.


Joana Filipe, participante do estudo em atendimento com a enfermeira Manuela

Uma das mulheres grávidas recrutadas para o estudo, Joana Filipe, jovem de 21 anos de idade, confessou que antes de ser interpelada pela equipa do estudo, desconhecia a existência do vírus e depois de lhe terem explicado sobre os objectivos e procedimentos do estudo, não hesitou em participar do mesmo, pois segundo ela “como mulher e mãe, preocupo-me em proteger a vida do meu filho, fazendo de tudo para que ele ou ela possa nascer bem de saúde”. Acrescentou que “é também um orgulho para mim participar de estudos relacionados com possíveis vacinas que no futuro poderão ajudar a combater doenças”.


Por outro lado, de acordo com Manuela Monjane, enfermeira de saúde materno infantil do CISM, afecta ao Centro de Saúde Nwamatibjana (Palmeiras), “este estudo teve muita aceitabilidade e aproveitamos para sensibilizar as mulheres para continuar com o controlo pré-natal durante a gravidez, e realizar partos nas Unidades Sanitárias, pois algumas delas, preferem realizar partos domésticos, mas, com o acompanhamento realizado no estudo, esta tendência tende a reduzir, pelos menos nesta Unidade Sanitária”.

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