Em 2010, a Organização Mundial de Saúde (OMS), recomendou o Tratamento Intermitente Preventivo (TIP) para o controlo da malária em crianças que vivem em áreas com transmissão moderada a alta da malária, onde a resistência ao falcidale (sulfadoxina-pirimetamina - SP) é baixa, definida como prevalência de um vírus específico (K540E) e mutações no gene causadoras de resistência de 50% ou menos do parasita da malária (2).
O TIP consiste na administração de um curso terapêutico completo de SP (estando ou não presentes parasitas) por meio do Programa Alargado de Vacinação (PAV) dos Sistemas Nacionais de Saúde de cada país membro, em intervalos definidos correspondendo a contactos de vacinação de rotina às 10 semanas de idade com difteria, toxóide tetânico e coqueluche (DTP) 2, 14 semanas com DTP3 e 9 meses de idade com a vacinação contra sarampo.
Neste contexto, o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM), junto com o Programa Nacional do Controlo da Malária (PNCM), fazem parte de um consórcio coordenado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGLOBAL) e que para além de Moçambique irá envolver outros dois países, nomeadamente Togo e Serra Leoa, cujo principal objectivo é a implementação do projecto MULTIPLY (Multiple doses of IPTi Proposal: A lifesaving high yield intervention), que visa contribuir para aumentar a sobrevivência de crianças nos primeiros anos de vida por meio da implementação do TIP junto com as vacinações de rotina do PAV e a suplementação da vitamina A.
De acordo o Investigador Principal do Projecto e Director Geral do CISM, Dr. Francisco Saúte “apesar de o TIP ter se mostrado seguro e eficaz na redução clínica da malária, anemia e internamentos hospitalares, além de ser altamente custo-efetivo, uma vez que é fornecido através do PAV e usa um anti malárico barato-SP, esta estratégia não está a ser implementada até o momento, excepto em Serra Leoa, pelo que o CISM e seus parceiros pretendem realizar esse estudo para informar ao governo local respeito a sua implementação”.
Para o efeito, o Director Geral, visitou entre os dias 14 e 17 de Dezembro corrente, a província de Inhambane, com passagens pela cidade do mesmo nome e pelo o distrito de Massinga, distrito aonde será implementado o projecto. Na cidade de Inhambane, foi recebido na Direcção Provincial de Saúde, onde teve a oportunidade de apresentar o projecto a uma equipa multidisciplinar local (técnicos do PAV, de Saúde Materna Infantil, e do PNCM) chefiada pelo médico chefe provincial, Dr. João Muchanga, que na oportunidade, agradeceu ao CISM e seus parceiros por endereçarem seus projectos aos distritos daquela província, bastante afectada pela malária.
Em Massinga, antes de visitar os centros de saúde em que o projecto será implementado, nomeadamente, Massinga Sede, Nhachengue e Centro de Saúde Rio das Pedras, o Investigador Principal manteve igualmente um encontro com o Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Acção Social, onde enfatizou que, “este projecto irá apenas ensaiar a implementação desta estratégia junto ao PAV e não avaliar a sua eficácia, uma vez que, essa já foi comprovada e recomendada pela OMS” comentou. Explicou também que, o projecto, buscará aumentar até 3 doses de TIP a serem administradas a partir do primeiro ano de vida da criança, e até 6 doses nos primeiros dois anos, juntamente com outras vacinações de rotina que decorrem tanto em unidades Sanitárias e/ou em clínicas móveis de áreas selecionadas da Serra Leoa, Togo e Moçambique.
MULTIPLY é financiado pela European & Developing Countries Clinical Trials Partnership (EDCTP), com o apoio adicional da Fundação Bill e Melinda Gates, da Fundação “la Caixa” e da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID). São parceiros do consórcio o ISGlobal, o Institut de Recherche pour le Développement (IRD), França; Universidade de Lomé (UL), Togo; Faculdade de Medicina e Ciências Relacionadas à Saúde (COMAHS); Serra Leoa e Medicines for Malaria Venture (MMV), Suíça.
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