Após a implementação bem-sucedida de uma campanha de distribuição massiva de medicamentos antimaláricos dirigida a toda a população de Chidenguele (distrito de Manjacaze, província de Gaza), o Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM) actualizou as diretrizes técnicas para expandir a Administração Massiva de Medicamentos (AMM), no âmbito dos esforços de controlo da malária. Esta intervenção envolve a entrega regular de medicamentos a populações inteiras, sem a necessidade de diagnóstico individual da doença, e visa a prevenção da transmissão contínua (de uma pessoa para outra) e foi recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com objectivo reduzir a transmissão da malária e prevenir novos casos durante a estação das chuvas.
A campanha de AMM mobilizou aproximadamente 300 trabalhadores entre Dezembro de 2022 e Janeiro de 2023, período em que foram visitados cerca de 14.000 agregados familiares e administrados medicamentos antimaláricos a mais de 41.000 pessoas. A iniciativa demandou significativos esforços de envolvimento comunitário para informar a população sobre os objectivos e a segurança da intervenção.
A estratégia de implementação foi amplamente bem-sucedida: 96% dos agregados familiares foram alcançados pelos trabalhadores de campo, incluindo aqueles localizados em áreas remotas frequentemente negligenciadas por iniciativas de saúde comunitária. Os antimaláricos foram administrados a 70% da população-alvo, composta por crianças com mais de 6 meses de idade e todos os adultos residentes ou visitantes do Posto Administrativo de Chidenguele, com exceção de mulheres grávidas, pessoas em tratamento medicamentos contraindicados e indivíduos com problemas cardíacos. Para o sucesso de estratégias comunitárias como a AMM, alcançar uma cobertura superior a 80% é considerado essencial.
A campanha foi implementada pelo PNCM de Moçambique, em colaboração com o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM) e o Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), com financiamento da Parceria Europa-Países em Desenvolvimento para Ensaios Clínicos (EDCTP, na sigla em inglês). A monitoria de dados de cobertura da AMM, foi com base em informação digitalizada tablets, pelas equipas de trabalhadores de campo.
O sucesso do projecto-piloto serviu de base para a criação de novos guias de implementação, incluindo manuais de gestão de medicamentos, estratégias de envolvimento comunitário, formação de pessoal de campo, monitoria da farmacovigilância, monitorização em tempo real e análises de impacto. Além disso, com o projecto ficou evidente a necessidade de ouvir a comunidade e responder às suas preocupações, envolvendo-as em todo os processos e fazer com que ela se beneficie desses processos. Notou-se também que há ganhos ao integrar a AMM a outras iniciativas de saúde pública (utilizar a estratégia para complementar intervenções existentes).
Esses recursos orientarão a implementação de futuras campanhas de AMM no âmbito do Plano Estratégico da Malária de Moçambique 2023-2027, que inclui a AMM como ferramenta complementar para redução da transmissão em áreas de baixa endemicidade, bem como em contextos de emergência sanitária. Um exemplo é Cabo Delgado, onde grandes centros de reassentamento de populações deslocadas têm sido alvo de várias campanhas de AMM nos últimos anos.
A implementação das campanhas de AMM realça os grandes esforços de Moçambique em incluir novas estratégias inovadoras na luta contra a malária e serve de modelo para intervenções semelhantes no país.
O projecto ADAM faz parte do programa da Parceria entre a Europa e os Países em Desenvolvimento para a Realização de Ensaios Clínicos (EDCTP) 2 (CSA2018HS-2522-ADAM) apoiado pela União Europeia, com financiamento parcial do Conselho de Investigação Médica da África do Sul (SAMRC) para a investigação da malária.
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