Chefes de postos e das localidades do distrito da Manhiça tomaram conhecimento de algumas das causas de mortes em crianças menores de cinco anos de idade, num encontro que visava incrementar o conhecimento das autoridades locais sobre as actividades do CHAMPS e a importância deste programa para a melhoria das condições de saúde das comunidades.
De acordo com o relatório apresentado pelo Coordenador do CHAMPS, Elísio Xerinda, os resultados da colheita de amostras usando técnicas minimamente invasivas (MITS) e autopsias verbais mostraram que as bactérias K. pneumoniae e S. pneumoniae e o fungo Pneumocystis jirovecii são os principais agentes de sepsis (resposta inflamatória generalizada) neonatal e infecções respiratórias em crianças de 1-5 anos de idade, e para reduzir a mortalidade infantil deve-se, entre outros aspectos, melhorar os cuidados pré-natais e maternos durante o parto.
A técnica de autopsias minimamente invasivas baseia-se na recolha de pequenos tecidos de alguns órgãos humanos através de agulhas que posteriormente são enviados ao laboratório para se fazer o diagnóstico. Para além destas amostras que são processadas no laboratório, são usadas as informações médicas existentes nos processos clínicos e os diagnósticos de causas de morte determinados pelas autopsias verbais.
Nesta senda, os participantes felicitaram o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça pelas actividades que desenvolve em prol do bem-estar e promoção da saúde comunitária e, ainda, por engajar activamente a comunidade em todas as actividades, uma vez que são visíveis os resultados da intervenção do CISM na comunidade através dos seus estudos. Entretanto, pedem que o CISM aposte mais no acompanhamento médico de mulheres grávidas e/ou crianças doentes.
A questão do envolvimento comunitário esteve no centro das discussões do evento. As estruturas clamaram por um envolvimento mais profundo por parte deles nas actividades de campo do CISM e solicitaram sessões de capacitação sobre o estudo a todos os níveis e a inclusão dos mesmos no sistema de notificação, como forma de garantir o engajamento da comunidade, a aceitabilidade e adesão ao programa CHAMPS.
Um dos desafios apresentados à equipa do programa, foi a necessidade de divulgar e expandir ainda mais a estratégia de transporte que já está a ser implementada em algumas zonas da Manhiça. Os mesmos, demostraram pela iniciativa e destacaram os benefícios da sua implementação como forma de responder aos problemas de transporte que as comunidades enfrentam, e, com isto, diminuir o número de morte de crianças e adultos por falta de acesso aos cuidados médicos. Sendo assim, os Chefes dos postos e das localidades comprometeram-se a sensibilizar os integrantes das comunidades para implementarem a estratégia de transporte comunitário, porém, pediram acompanhamento continuo da equipa de envolvimento comunitário em todo o processo.
Na Manhiça, as actividades de Vigilância de Mortalidade Infantil já decorrem no Hospital Distrital da Manhiça (HDM) e na comunidade desde 2016, resultante de uma parceria entre o CISM e o Instituto Nacional de Saúde (INS).
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