De 13 a 17 de Novembro, profissionais da medicina tropical e da saúde global de todo o mundo em representação do meio académico, fundações, governo, organizações sem fins lucrativos, organizações não governamentais e sector privado estiveram reunidos na Cidade americana de Nova Orleães para a reunião anual promovida pela Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene (ASTHM).
Este evento tido como principal fórum internacional para o intercâmbio de avanços científicos e clínicos em medicina tropical, higiene e saúde global trouxe resultados de investigação a nível mundial, actualizações clínicas e debates sobre questões globais importantes pelos peritos científicos e líderes de opinião do mundo.
Entre dezenas de simpósios e sessões paralelas sobre diferentes problemas de saúde global, o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM) participou do Simpósio “Desenvolver Líderes na Luta Contínua pela Erradicação da Malária: Perspectivas dos anteriores bolseiros Alan J. Magill”, onde Dr. Pedro Aide fez uma apresentação sobre a busca de Moçambique por um futuro livre de malária, no âmbito da bolsa Alan Magill Fellow atribuída em 2017.
Dr. Pedro Aide tornou-se o primeiro moçambicano a receber o título de Alan Magill Fellow, uma das mais prestigiadas distinções concedidas pelo ASTMH. Este título é um tributo à excelência científica e à liderança em saúde global, reconhecendo indivíduos que, como o Dr. Aide, demonstram compromisso inabalável com a inovação e o progresso no combate às doenças tropicais. O título homenageia o legado de Alan Magill, um defensor visionário da erradicação da malária e um líder respeitado na saúde global. Ao conceder este reconhecimento, a ASTMH busca identificar e apoiar líderes emergentes cujo trabalho tenha um impacto transformador no combate a doenças que afectam as populações mais vulneráveis do mundo.
O reconhecimento como Alan Magill Fellow em 2017 consolidou a posição de Pedro Aide como um dos principais cientistas africanos no combate às doenças infecciosas. Este feito não apenas celebrou sua trajectória, mas também destacou a relevância de Moçambique como um centro de pesquisa de ponta em saúde global. O título simboliza uma vitória colectiva para o país e um marco na promoção da ciência liderada por africanos para resolver os desafios locais e globais. Pedro Aide, com sua actuação de destaque no CISM, tem sido uma figura central em iniciativas de controlo da malária em Moçambique e além. Entre suas contribuições mais notáveis estão os ensaios clínicos de novas vacinas, incluindo a RTS,S, e de novas terapias para tratar a malária. Seu trabalho ajudou a moldar políticas de saúde pública e estratégias de eliminação da doença, além de fortalecer a capacidade científica e operacional em Moçambique.
“Como bolseiro do fundo Alan J. Magill pude aprender sobre estratégias de intervenção em contextos de eliminação da malária, trocar conhecimentos e experiências de actividades de eliminação da malária em curso em vários países, compreender o processo de certificação e verificação do estatuto de indemnidade da malária, assim como aprender a manter o apoio político e financeiro aos esforços de eliminação da malária”, disse Aide, concluindo que a bolsa forneceu-lhe ferramentas e conhecimentos essenciais para melhorar os esforços de eliminação da malária em Moçambique.
Por sua vez, Mara Máquina levou para o encontro de Nova Orleães o tema “Monitoria de anofelinos após a Pulverização Intra-Domiciliária (PIDOM) em Gaza e Inhambane”, em forma de apresentação em Poster, trazendo dados de estudo realizados no âmbito dos esforços para a eliminação da malária no sul de Moçambique onde a PIDOM tem sido uma das principais intervenções de combate a malária.
O estudo que visava avaliar o efeito da PIDOM na densidade, composição, comportamento de repouso e picada, susceptibilidade de vectores da malária a insecticidas através da vigilância entomológica contínua concluiu que a avaliação da sua eficácia nas populações de mosquitos vectores é extremamente importante para monitorar os resultados da estratégia e consequentemente, orientar o PNCM na tomada de decisões. Adicionalmente o estudo recomenda que medidas suplementares de controlo do vector são necessárias para combater os vectores não atacados dentro de casa com a Pulverização Intra-domiciliar e Redes Tratadas com Insecticidas.
Por seu turno, Dr. Inácio Mandomando, Investigador Principal do Vigilância da Saúde e Prevenção da Mortalidade Infantil (CHAMPS) em Moçambique, apresentou sobre “A Caracterização Pós-morte de Menores de 5 Anos Associadas à Gastrosquise em Moçambique”, evidenciando sobre como a vigilância avançada e a análise pós-morte estão descobrindo dados críticos para informar intervenções que salvam vidas das crianças.
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