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Nercio Machele

AINDA PERSISTEM DESAFIOS PARA O DIAGNÓSTICO E RASTREIO DA TUBERCULOSE



Celebra-se anualmente a 24 de Março, o Dia Mundial da Tuberculose (TB). Esta data, foi definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) com o propósito de aumentar a conscientização pública sobre as consequências sociais e económicas, devastadoras para a saúde, que a tuberculose tem causado, e intensificar os esforços para acabar com a epidemia global da doença. Este ano, as celebrações foram realizadas sob o lema, “Investir na eliminação da Tuberculose é salvar vidas”. Segundo a OMS, este lema transmite a necessidade urgente de investir recursos para acelerar a luta contra a TB e cumprir os compromissos assumidos pelos líderes globais, visando acabar com a doença.


Para celebrar a data, o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM), em parceria com o Programa Nacional do Controlo da Tuberculose, a Fundação Ariel e a Embaixada da Espanha em Moçambique, realizou um webinar cujo propósito era de promover a reflexão sobre a tuberculose em Moçambique, seus desafios e perspectivas bem como, sobre o papel da pesquisa e do investimento para acabar com a doença.


Na ocasião, Benedita José (MD), Responsável do Programa Nacional de Controlo da Tuberculose, disse que “de acordo com o relatório global da tuberculose de 2021, foram registados no mesmo ano, cerca de 9.9 milhões de casos da doença, e, 3.8 milhões de casos não foram detectados”. Ainda de acordo com a responsável do PNCT, “Moçambique é um dos países com alta taxa de prevalência da tuberculose pulmonar (334/100 000) e os indivíduos dos 35 à 54 anos e os acima de 65 anos, constituem os grupos mais afectados pela doença”. Acrescentou que, “apesar de existirem ferramentas para o diagnóstico da tuberculose, como é o caso do CAD4TB, ainda persistem desafios para o diagnóstico da tuberculose resistente no país. Aliado a isso, os desafios em relação ao acesso aos serviços da tuberculose devido as percepções erróneas e mitos (estigma e discriminação), a fraca rede laboratorial para o diagnóstico, o surgimento das estirpes cada vez mais resistentes aos medicamentos, o deficiente número de recursos humanos capacitados para a gestão dos pacientes e, os desafios relacionados a gestão clínica dos pacientes constituem outros constrangimentos na luta contra a doença”.


Por sua vez, Núria Cumbi (MD), Assessora de Tuberculose da Fundação Ariel, apresentou uma estratégia sobre a notificação de casos de tuberculose na comunidade que, é recomendada pela OMS especificamente para os países de baixa renda como é o caso de Moçambique. “Esta estratégia inclui todos métodos de diagnóstico e tratamento da tuberculose para os casos de pessoas que não se dirigiram a uma unidade sanitária, que são rastreio de contactos de um caso índex, rastreio em grupos populacionais de grande risco, ou rastreio em Hot Spots”, disse a investigadora. Acrescentou também que “os ensaios realizados no âmbito desta estratégia, demostraram que o método de Rastreio de contactos de TB pode aumentar as notificações, e que as estratégias mais abrangentes (avaliação clínica, testagem com Genexpert e Rx torax a todos os contactos domiciliares, independentemente da sintomatologia) mostraram ter maior rendimento.


Sozinho Acácio (MD, PhD), investigador do CISM, lembrou que actualmente existem 3 testes tradicionais de diagnóstico da TB (a Baciloscopia, Cultura sólida e líquida GeneXpert) e 3 testes complementares de diagnóstico (Raio x do tórax, testes de infecção específicos como Interferon-Gamma Release Assays (IGRA) e o Tuberculin Skin Test (TST)). Porém, o CISM está actualmente a implementar 3 estudos (Stool4TB, Colour Plates e PreFIT) baseados na urina, fezes (apenas para crianças) e Zaragatoa lingual, que se espera que venham a contribuir para a recomendação de novas técnicas de diagnóstico da tuberculose resistente.

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