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Nercio Machele

AINDA PERSISTEM DESAFIOS PARA INTERROMPER A TRANSMISSÃO DA MALÁRIA


Para além do CISM, o evento contou com a presença de várias organizações internacionais

A malária continua a ser a doença que mais afecta o mundo. Em 2020, foram estimados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 241 milhões de casos e 627.000 mortes nos 85 países onde a doença permanece endémica. Os países mais pobres, e em particular os da África Subsaariana, sofrem desproporcionalmente o seu maior impacto, com nove em cada dez mortes ocorrendo nesses países.


A situação agravou-se com o surgimento do vírus SARS-CoV-2 e da crise sanitária mundial desencadeada pela pandemia da COVID-19 que comprometeram a estratégia de controlo da malária em áreas endémicas. As previsões mais pessimistas ameaçam retrocessos sem precedentes na luta contra esta doença.


Neste âmbito a Fundación Ramón Areces e o Instituto Saúde para Saúde Global (ISGlobal), organizaram no dia 6 de Abril do corrente ano, uma conferência subordinada ao tema "Malária: Pesquisa com impacto em tempos de COVID-19". A mesma, contou com a presença do Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM), através do seu Director Geral, Dr. Francisco Saúte e de outros investigadores co-afiliados ao CISM. A conferência, focou-se nos grandes desafios em meio à pandemia da COVID-19, e sobre a contribuição que a ciência pode dar para o controlo e progresso em direção à erradicação da malária.

Director Geral do CISM, Dr. Francisco durante a sua apresentação

Na ocasião, o Director Geral do CISM, defendeu que “o uso intensivo das ferramentas disponíveis contra a malária, pode contribuir para uma redução significativa do peso da doença. “Porém, persistem desafios para interromper a transmissão da doença”, afirmou baseando-se na experiência e evidências adquiridas pelo CISM, no âmbito do projecto Maltem que foi implementado no distrito de Magude, onde foi possível reduzir os casos da malária em cerca de 85%. O projecto visava responder a seguinte questão: “podemos interromper a transmissão local da malária (mantendo os ganhos) numa área rural de África com baixa a moderada prevalência da doença usando as ferramentas actualmente disponíveis?” Para tal, foi realizado em todo o distrito de Magude, uma campanha de Administração Massiva de Medicamentos, durante dois anos (2015-2016) alcançando cerca de 60.000 pessoas e 11.000 agregados familiares.


Regina Rabinovich, investigadora do ISGlobal e da Aliança Científica para a Erradicação da Malária (MESA) defendeu que “precisamos optimizar as estratégias que combinam as diferentes ferramentas que usamos contra a malária. E a pandemia da COVID-19 permitiu-nos aprender que é possível obtermos soluções rápidas para um problema de saúde global, portanto, é necessário que prevaleça o senso de urgência, para que tenhamos um progresso rápido rumo a erradicação de doenças. Infelizmente, até o momento, a malária não recebeu atenção suficiente a escala global para garantir o financiamento sustentado para a luta contra essa doença”, acrescentou.


Por outro lado, Quique Bassat investigador do CISM e do ISGlobal, disse que “o mundo precisa de duplicar os esforços para a erradicação da malária. Em primeiro lugar, temos de implementar as medidas existentes que se revelaram altamente eficazes. E em segundo, temos que inovar e desenvolver rapidamente novas estratégias”. Acrescentou também que, “é inacreditável que nós, como comunidade global, continuamos a ignorar a emergência de saúde pública em curso causada pela malária, simplesmente porque é uma doença que afeta apenas os países mais pobres do mundo”.


Desde a criação do CISM, a malária que é uma das doenças que afectam o Sistema Nacional de Saúde é uma das áreas prioritárias de pesquisa. A nossa historia, está associada a iniciativa de desenvolvimento da vacina contra malária RTS,S, que contribuiu para o desenvolvimento de capacidade humana e institucional para pesquisa nesta área.

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